O contexto contemporâneo apresenta um cenário complexo de necessidades sociais, no qual a extensão universitária poderá ter um espaço importante e estratégico no sentido de discussão e aprofundamento de diversas questões. Para as universidades se inserirem de forma qualificada e consistente nesse contexto, é preciso capacidade de mobilização e aprofundamento, os quais podem ser potencializados a partir de processos de formação docente e da gestão.
Observa-se que a presença da extensão nas universidades sempre foi permeada por relações de poder em torno de que universidade ou de que formação queremos construir. Nessa direção, entendemos que a “curricularização” necessita ser discutida e problematizada, buscando compreendê-la num contexto mais amplo e mais complexo do que a simples inserção curricular, seja como uma disciplina, seja como um projeto ou programa. Ao contrário, sua inclusão dentro do formato curricular tradicional poderá ser (mais) um apêndice a satisfazer algumas das nossas ansiedades e/ou as exigências legais, correndo o risco de destruir a potência que a extensão, e um processo indissociável de formação, tem em si, pela sua dialogicidade, porosidade e capacidade de captar distintas realidades.
Os participantes da III Jornada de Extensão do Mercosul (2014, Tandil, Argentina) destacaram, na sistematização final do evento, que a curricularização é a compreensão do currículo como um fenômeno que não pode ser distanciado das demandas da realidade. Por isso, não pode ser pensada de forma estática, hegemônica a todas as formações, tampouco como buscas paralelas. Deve transversalizar os currículos, com a singularidade de cada curso e de cada contexto histórico-social, buscando metodologias mais criativas e dinâmicas, que resultem, especialmente, em salas de aulas abertas e atrativas para os estudantes.
Considerando a parceria já estabelecida com a Unicen e sua trajetória de implementação de uma concepção de extensão transformadora, inclusiva e democrática, juntamente com outras universidades da América Latina, é que propomos um momento formativo de intercâmbio entre diferentes instituições de ensino superior do Mercosul.
O Fórum de Extensão do Mercosul será um espaço para construirmos um aprofundamento e unidade maior entre as instituições envolvidas, fortalecendo a rede de intercâmbio, reflexão, estudos, iniciativas e práticas extensionistas, e que culminará com a IV Jornada de Extensão do Mercosul.
Gestores de extensão das instituições comunitárias de ensino superior (Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária (ForExt) dos estados do sul do Brasil e coordenação nacional);
Gestores professores e funcionários da UPF;
Representantes dos estudantes;
Representantes de parceiros institucionais (entidades, Universidades do Mercosul, órgãos representativos, etc.).
Formação acadêmica e projeto pedagógico: interfaces para repensar o currículo: iniciativas e/ou características da repercussão de atividades de extensão, projetos e programas nas dinâmicas curriculares dos cursos de graduação. Resultados de trabalhos que demonstram a importância dos processos de aprendizagem permeados pelas vivências extensionistas. Propostas que evidenciam as possibilidades e potências para a indissociabilidade.
Universidade e comunidade – diálogos e conflitos da dinâmica curricular: aprendizagens emergentes das vivências entre universidade e comunidade. Experiências e reflexões que contemplam práticas provenientes dessa relação, contribuindo com o enriquecimento dos processos de conhecimento vividos nos cursos. Melhoria da qualidade de vida da comunidade. Saber popular e currículo. Participação da comunidade na organização acadêmica. Políticas públicas e práticas extensionistas curricularizadas.
Protagonismo dos sujeitos – construindo processos curriculares indissociáveis: participação de estudantes na organização do ensino e na mobilização acadêmica. A extensão nos Núcleos Docentes Estruturantes (NDE) e nos colegiados acadêmicos. Práticas extensionistas de autoria estudantil e/ou comunitária.
Contribuições de experiências metodológicas para repensar o currículo: iniciativas de curricularização da extensão. Experiências e vivências que indicam a contribuição da extensão para a reestruturação curricular de cursos de graduação e/ou pós-graduação. Metodologias de ensino inspiradas em práticas extensionistas.
O Fórum privilegia metodologias participativas que possibilitem a troca de experiências e sustentação teórica sobre a extensão universitária. Para tanto, cada participante é convidado a escrever um pequeno texto, com as reflexões teóricas e/ou o relato de experiências e/ou iniciativas, a ser apresentado/debatido nos grupos de trabalho.
Os textos servem de mobilização para os diálogos e não têm como critério a seleção de participantes. Devem estar relacionados aos eixos temáticos do Fórum.
Exposições em painéis são previstas em três momentos do Fórum, com a finalidade de mobilizar as discussões nos círculos e sistematizar os argumentos que os grupos constroem.
Questões balizadoras (sugestão) para os textos:
Produção dos textos:
Até duas páginas;
Espaçamento de 1,5 pts;
Fonte Times New Roman, corpo 12;
Margens superior e esquerda com 3 cm, e inferior e direita com 2 cm.
A comissão organizadora classificará as produções por linha temática, a fim de organizar os grupos de trabalho. De acordo com as possibilidades e deliberações do evento, os textos poderão ser publicados.
11/08/2015 | 12/08/2015 | 13/08/2015 |
14h Atividade paralela: Percepções acerca da bacia hidrográfica do rio Jacuí e o seu entorno: uma proposta de educação socioambiental.
Coordenação: Profª Mariane Sbeghen (CCTAM) e Josimar Moscheider (COAJU) 16h Encontro ForExt Câmara Sul e Coordenação Nacional LOCAL: Sala dos Conselhos – Reitoria da UPF 18h15min – intervalo |
8h30min às 10h Painel: Extensão Universitária e Currículo: tensões, desafios e possibilidades (Avellaneda/Argentina e Brasil)Painelistas: Prof. Facundo Harguinteguy Prof. Rodrigo Ávila Huidobro Universidad Nacional de Avellaneda – Argentina Prof. Jorge Hamilton Sampaio Universidade Católica de Brasília/Brasil
10h30min às 12h LOCAL: Auditório e salas de aula da FEAC |
8h30min às 10h Painel: Curricularização da Extensão: do marco legal às criações possíveis (São Luis/Argentina e Brasil)Painelistas: Prof. Oscar Ojeda Prof. Karina Moriñigo Prof. Claudia Maroa Universidad Nacional de San Luis/ArgentinaProf. Márcio Tascheto Robert Filipe dos Passos Universidade de Passo Fundo
10h30min às 12h LOCAL: Auditório e salas de aula da FEAC |
14h às 18h Grupos de trabalho |
14h às 15h Atividade paralela: Feira Ecológica e Feira de Economia Solidária15h às 18h Plenária final e encaminhamentos |
|
19h Cerimônia de abertura(Autoridades) Atividade Cultural20h Painel: Integralidade na formação acadêmica: experiências das Jornadas de Extensão do Mercosul Painelistas: LOCAL: Auditório da FEAC |
18h30min Encontros à moda brasileira (atividade cultural/ janta)
LOCAL: Associação dos Professores da UPF |
18h Encerramento e despedidas |
Publicações Câmara Sul FOREXT/Brasil
Volume I
Direitos Humanos: Infância e Adolescência – A contribuição da Extensão Universitária. Bernice Rocha Zabbot Garcia, Liege Inocêncio Búrgio. Lisiane Tuon Bitencourt (Org.). Ano: 2008. Páginas 118. Editora UNIVILLE.
Volume II
Meio ambiente: a sustentabilidade e a contribuição da Extensão Universitária. Fátima Elizabeti Marcomin, Maria Cristina Pansera de Araújo, Sandro Rogério Vargas Ustra (Org.). Ano: 2011. Páginas 176. Edittora UNIVILLE. ISBN: 978-85-87977-89-2.
Volume III
Saúde: a contribuição da Extensão Universitária. Bernice Rocha Zabbot Garcia, Gladis Luisa Baptista (Org.). Ano: 2013. Páginas: 193. Editora UNIVILLE. ISBN: 978-85-8209-011-4
Volume IV
Arte e Cultura. Gladis Luisa Baptista e Cristiane Aparecida Souza Saraiva (Org.). Ano: Páginas: 159. Editora Feevale. ISBN: 978-85-7717-176-7
Volume V
Trabalho e Renda: possibilidades da extensão universitária. Bernadete Maria Dalmolin, Lísia Rodigheri Godinho (Org.) Ano: 2015. Páginas:158. Editora UPF. ISBN: 978-85-7515-876-0
O Fórum de Extensão do Mercosul, promovido pela Universidade de Passo Fundo-UPF e Universidad Nacional del Centro de la Província de Buenos Aires – UNICEN, sediado pela UPF, Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil, nos dias 11, 12 e 13 de agosto de 2015 sob a temática: Tecendo processos de curricularização da Extensão teve sua programação marcada por painéis e grupos de trabalho que promoveram ampla discussão conceitual, compartilhamento de experiências, problematizações e delineamento de desafios.
Como primeira atividade, o Encontro da Coordenação Nacional e Câmara Sul do Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Instituições Comunitárias de Ensino Superior, após abertura pelo Magnífico Reitor da UPF, Professor José Carlos Carles de Souza, teve pauta específica: a) relato, pela Coordenação Nacional, das ações em curso: diálogo com demais fóruns de ensino superior, entidades representativas; b) próximo encontro nacional em Florianópolis, dias 16 e 17 de novembro de 2015; c) breve avaliação do PROEXT; d) Livro Câmara Sul: prorrogação de prazo (15/09) para submissão de artigos; e) Grupos de Trabalho: foi postergada para a próxima reunião da Câmara Sul o alinhamento dos GTs.
A abertura do Fórum foi abrilhantada com a apresentação do Coro UPF com a regência do Maestro Fernando Montini e contou com a manifestação do Magnífico Reitor da UPF, Professor José Carlos Carles de Souza, da Vice-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF, Professora Bernadete Maria Dalmolin, do Coordenador Nacional do ForExt, Professor Josué Adam Laizer, e do Secretário de Extensão da UNICEN, Professor Daniel Herrero. Na sequência, o painel de abertura, intitulado Integralidade na formação acadêmica: experiências das Jornadas de Extensão do Mercosul, com a participação dos professores Bernadete Maria Dalmolin (UPF), Daniel Herrero (UNICEN) e Adriano Viera (UPF), refletiu acerca da tecitura do conhecimento, dos múltiplos significados de Extensão, das possibilidades de construção da equação ensino-pesquisa-extensão, destacando que a curricularização não se resume a um requisito legal, mas a um processo orientado pela superação da fragmentação curricular e compromisso com o entorno, a transversalização do conhecimento respeitada a singularidade de cada curso e contexto social que retoma a discussão identitária da universidade. A metáfora do “ponche andido” apresentada pelo Professor Adriano, ilustrou o desafio acadêmico de “tecer conhecimentos”.
No segundo dia, o painel, intitulado Extensão Universitária e Currículo: tensões, desafios e possibilidades, contou com a participação dos professores Facundo Harguinteguy, Rodrigo Ávila Huidobro, ambos da Universidad Nacional de Avellaneda – Argentina e Jorge Hamilton Sampaio, da Universidade Católica de Brasília, Brasil. No referido painel foi apresentada a cronologia da universidade argentina, agência do resgate do seu prestígio como lugar de edificação do saber a partir da deposição da sala de aula como único espaço de “conhecer”, tendo por trajeto um currículo integrador, marcado pela interdisciplinaridade, pela interpelação ao academicismo, pela deposição da compartimentalização disciplinar. A desconstrução do foco percentual de curricularização (10%) e a defesa de 100% das atividades curriculares, efetivamente indissociáveis (não integradas), ensino-pesquisa-extensão constituiu o ponto alto do debate. Também a compreensão da aprendizagem como um processo de mover desejos, de ir além da razão instrumental, do racionalismo cartesiano. Mobilizar para a busca do conhecimento é apaixonar-se pelo conhecimento e nosso essencial desafio.
Grupos de Trabalho discutiram concepções e práticas sob as temáticas: a) Formação Acadêmica e Projeto Pedagógico; b) Universidade e Comunidade; c) Protagonismo dos Sujeitos; d) Experiências Metodológicas de Curricularização, programação que constituiu a culminância do evento. As discussões foram enriquecidas com a confecção de um ponche, símbolo do evento, a partir de retalhos, linhas e adereços, em que cada um dos participantes contribuiu com seu patch, os quais foram “alinhavados” por professores e alunos do curso de Design de Moda da UPF.
A programação deste segundo dia também contou com a divulgação da RED LATINOAMERICANA Y DEL CARIBE DE EXTENSIÓN UNIVERSITÁRIA (redvinculacion.ning.com) como instrumento virtual de promoção da partilha de experiências e saberes extensionistas e discussão dos desafios atuais da Extensão Universitária pela Professora Simone Imperatore, a partir de discussões suscitadas no XIII Congresso Latinoamericano de Extensión Universitaria e Politicas Públicas, realizado em junho de 2015, em Cuba.
Atividades extras como a visita ao Museu de Artes Visuais Ruth Schneider e pelo “Encontros à Moda Brasileira”, corroboraram a ênfase cultural e social do fórum, quando os participantes tiveram oportunidade de compartilhar momentos descontraídos ao som do chorinho brasileiro e da culinária típica de boteco que faz parte do cenário cultural do Brasil.
No terceiro dia o painel: Curricularização da Extensão: do marco legal às criações possíveis, teve a participação de Oscar Ojeda e Claúdia Maroa da Universidad Nacional de San Luís – Argentina; Márcio Tascheto e Robert Felipe dos Passos – Universidade de Passo Fundo, Brasil. Foram apresentadas diferentes experiências de curricularização verificadas nas universidades argentinas, com ênfase no Centro de Práticas Comunitárias da Universidad de San Luís. A participação dos colegas brasileiros adicionou desconstruções e desnudou “pontos cegos” ao pensar Extensão sob a lógica curricular, evidenciando que, para além de um campo de disputa de projetos antagônicos, os limites e tensionamentos da curricularização da Extensão não estão no marco legal, no mercado, nos órgãos reguladores, mas dentro das instituições de ensino e da limitação de pensar currículo ainda de forma industrial. Nesse contexto, mister a reflexão de experiências e lições aprendidas, de pressupostos e perspectivas, de mundo, de sujeitos e, por conseguinte, de universidade. Ainda foram apresentados os pressupostos exógenos, europeus e norte-americanos, que orientam a práxis extensionista no Brasil, como uma análise necessária para, lucidamente, discernirmos o visível e o possível no desafio da curricularização.
Neste último dia, as Feiras Ecológica e de Economia Solidária, evidenciaram uma práxis extensionista da universidade-sede.
A síntese dos Grupos de Trabalhos, cujas discussões tiveram destaque neste último dia do evento, constituiu o marco conceitual e orientador das discussões em curso, conforme será apresentado a seguir;
GT1- Formação Acadêmica e Projeto Pedagógico, pontos fundantes:
Heterogeneidade ao dialogar a curricularização da extensão entre universidades e, mais ainda, entre países – ponto de partida? O que evidencia que não há receita comum como curricularização da extensão, inúmeros aportes teóricos e múltiplas práxis;
Limitações administrativas para promover a transversalização da extensão;
Extensão como disciplina, indissociada de uma formação específica – transversal;
Extensionalização do currículo – extensão em todas as disciplinas;
Desafios: repensar o currículo como PPC, não meramente um conjunto de disciplinas, mas processo de construção coletiva, vinculado à realidade social; formação contínua para extensionistas; efetivar a Red como canal dialógico e reflexivo acerca das práticas e lições aprendidas.
GT 2 – Universidade e Comunidade:
Conceito de Extensão como formadora da realidade;
Integração ensino-pesquisa-extensão;
Vinculação entre saber acadêmico e o popular = co-geração de conhecimento e não saberes divergentes;
Aprofundar canais de comunicação universidade-sociedade, sociedade-universidade;
Valorizar a práxis extensionista;
Criação de indicadores de impactos;
Atuar em aderência com as políticas públicas;
Territorialização da universidade;
Extensão como processo de longo prazo;
Conciliação de tempos e objetivos acadêmicos e sociais;
Diferentes modelo/naturezas de universidade;
Proposta unilateral de extensão (universidade);
Extensão como necessidade formativa e parte do currículo.
GT 3 – Protagonismo dos Sujeitos:
A riqueza das falas apontou um mapa conceitual e estrutural, desde as questões históricas do sistema capitalista atual, numa perspectiva sócio-histórico-dialética e a função da universidade e, em específico da Extensão Universitária;
Entendimento da história e dos espaços ideológicos de poder;
Desconstruindo a curricularização da extensão e a proposição da extensionalização do currículo – Cláudia Maroa;
Falar de Extensão é, indissociavelmente,falar sobre mundo, universidade e mercado. O que evidencia incompleto qualquer processo parcial e superficial de ajuste curricular;
Riqueza de percepções, imprecisão de conceitos, multiplicidade metodológica, distintas naturezas de universidade e estruturas administrativas, muitos desencontros e potencialidades de reencontro universidade-sociedade para além de uma lógica industrial/produtivista o que desnuda a necessidade de repensar a concepção de universidade.
GT 4 – Experiências Metodológicas de Curricularização
Discussão de relato de experiências com riqueza de partilha que resumimos em 9 pontos (resultante da participação de 15 IES e 33 participantes):
Currículo entendido como projeto pedagógico institucional enquanto expressão da indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão, construindo práticas dialógicas de aprendizagem;
problematizar o instituído para que criem novas possibilidades;
sistematização de processos avaliativos de extensão através de critérios e instrumentos;
parcerias efetivas entre universidade e comunidade, através da oportunidade real de contatos com lideranças que articulem e promovam a relação com a comunidade;
gestão institucional que garanta as articulações para que garanta a curricularização com ênfase em programas e projetos de extensão através do diálogo com distintos segmentos da sociedade;
aliança entre sujeitos que praticam atividades de pesquisa e extensão
Organicidade e condições para a efetivação da curricularização, com ênfase nas questões docentes – carga horária, valorização da extensão na carreira e remuneração docente;
Experiências devem se refletir em produção acadêmica dando o caráter comunitário das IES;
Conselhos Comunitários como espaços consultivos para a definição das prioridades.
Encerramos o presente registro, elaborado a seis mãos pelos participantes: Simone Loureiro Brum Imperatore; Aline Cézar Costa e Robert Filipe dos Passos.
Passo Fundo, 13 de agosto de 2015.
11 a 13 de agosto de 2015
O Fórum privilegiou metodologias participativas que possibilitaram a troca de experiências e sustentação teórica sobre a extensão universitária. Para tanto, cada participante foi convidado a escrever um pequeno texto, com as reflexões teóricas e/ou o relato de experiências e/ou iniciativas. Os textos serviram de mobilização para os diálogos em nos grupos, assim como as exposições em painéis. As discussões nos círculos se pautaram pelas seguintes questões balizadoras:
Em que sentido pode-se contribuir para um projeto pedagógico que contemple o acúmulo teórico e prático inventariado pela extensão?
Como tem sido e como poderia ser a contribuição do ensino, da pesquisa e da extensão no seu curso?
Quais os desafios para avançar à indissociabilidade?
Qual é o papel da extensão numa ideia transversal de universidade, que possa oferecer formação profissional de excelência alicerçada na formação humana crítica e autônoma?
Que elementos podem contribuir para uma proposta curricular que supere a disciplinarização e a fragmentação do conhecimento?
Durante a realização dos grupos foi desenvolvido um momento criativo de construção do elemento síntese do evento (“poncho”), sob a coordenação da Profa. Mariane Loch Sbeghen-UPF. Os participantes receberam um pedaço de tecido e diversos materiais (tinta, retalhos, lantejoulas, lãs, fitas, etc) para expressar suas impressões sobre a temática de estudo. Posteriormente, as construções individuais foram reunidas e resultaram num “poncho” que foi exposto na plenária final do evento, representando a riqueza de ideias, inquietações e expectativas dos participantes.
GRUPO 1
Mediadores
EIXO TEMÁTICO – Formação acadêmica e projeto pedagógico – interfaces para repensar o currículo: iniciativas e/ou características da repercussão de atividades de extensão, projetos e programas nas dinâmicas curriculares dos cursos de graduação. Resultados de trabalhos que demonstram a importância dos processos de aprendizagem permeados pelas vivências extensionistas. Propostas que evidenciam as possibilidades e potências para a indissociabilidade.
A partir das discussões realizadas, o grupo apontou os seguintes elementos relativos à problemática, às formas de curricularizar a extensão e aos desafios que se colocam:
Quanto à problemática:
A formação que temos hoje não nos satisfaz; é cada vez mais instrumental e fragmentada.
Está se perdendo a capacidade crítica.
A sociedade atual promove e reforça o individualismo e o consumismo e, como consequência, muitos alunos e professores não tem “desejo” por questões sociais.
Há uma heterogeneidade da curricularização da extensão, entre as universidades e entre os países, no momento de construir, transmitir, compartir e consolidar. Não há somente uma “receita” sobre como curricularizar.
Como envolver os atores sociais?
No desenho do organograma institucional, há falta de conexão entre as áreas de gestão universitária, dificultando a indissociabilidade.
2) Quanto às formas de curricularizar a extensão:
Extensão como disciplina:
A extensão é uma ferramenta que atua como um articulador político e pode ser olhada de diferentes maneiras. A proposta da Universidade de Avellaneda de integrar a extensão ao currículo constitui-se através da participação dos estudantes em uma proposta desenvolvida em quatro etapas (Trabalho Social Comunitário), integrada a movimentos populares, em que busca pensar a realidade por problemas e não por disciplinas.
A inserção social não está vinculada diretamente com a formação específica.
2.2) Extensão integrada a diversas disciplinas:
Os princípios da extensão devem estar presentes em todas as disciplinas, integrando o procedimento de problematização da realidade.
Neste caso, a inserção social tem vínculos diretos com a formação específica, trazendo consigo uma intencionalidade explícita de complementação formativa.
3) Quanto aos desafios:
Repensar o currículo como o projeto político pedagógico dos cursos, com várias instâncias e com diferentes sujeitos. Currículo não é um conjunto de disciplinas. Devemos tomá-lo como um processo de construção coletiva. Ver quais são suas intenções e propósitos.
Repensar os dispositivos tradicionais curriculares do ensino, da pesquisa e da extensão.
Estamos diante de um novo paradigma: inovar a prática. Para isso, necessitamos de uma formação continuada. Por exemplo, ingressar na rede para torná-la mais robusta, seguir discutindo.
Redesenho do organograma institucional com reconfiguração das universidades brasileiras, envolvendo todos os setores.
A estrutura organizacional deveria ter uma transversalidade, com formação continuada para gestores.
Pensar a discussão dos trabalhos de extensão por território.
Pensar na obrigatoriedade da extensão nos moldes da pesquisa.
GRUPO 2
Mediadores
EIXO TEMÁTICO – Universidade e comunidade – diálogos e conflitos da dinâmica
curricular: aprendizagens emergentes das vivências entre universidade e comunidade. Experiências e reflexões que contemplam práticas provenientes dessa relação, contribuindo com o enriquecimento dos processos de conhecimento vividos nos cursos. Melhoria da qualidade de vida da comunidade. Saber popular e currículo. Participação da comunidade na organização acadêmica. Políticas públicas e práticas extensionistas curricularizadas.
O grupo de trabalho foi composto por mais de trinta participantes de diferentes universidades. Finalizada a roda de apresentação, foram intercambiadas ideias, temas, propostas, acerca de diferentes aspectos vinculados ao tema da mesa. A seguir, os principais apontamentos acordados:
O conceito de extensão sobre o qual os participantes possuem consenso é aquele que a considera como uma atividade da universidade com potencial transformador da realidade.
A integralidade entre ensino, pesquisa e extensão existe, porém necessita ser fortalecida. A sala de aula não é o único espaço produtor de ensino e aprendizagem, haja vista que o território cumpre uma função fundamental para a formação de estudantes e docentes.
Extensão é buscar a vinculação entre o saber acadêmico e popular para gerar intercâmbios e novos conhecimentos emergentes, para além de uma simples soma.
Incentivar a participação de estudantes e professores em ações de extensão, sendo esta parte essencial da formação profissional.
Aprofundar os canais de comunicação internos, orientando-os para fora da instituição acadêmica, potencializando a participação de todos nas ações desenvolvidas.
A universidade deve valorizar a participação estudantil e docente nos projetos de extensão.
Repensar a estrutura curricular para incrementar e favorecer os tempos de ação na extensão.
A abordagem territorial deve se dar através de projetos transdisciplinares.
Criar ou melhorar indicadores de impacto das ações realizadas nos projetos de extensão, que digam respeito aos resultados no interior da universidade e na comunidade.
Interatuar com as políticas públicas, refletindo de forma crítica acerca destas.
Reconhecer que no território sempre existem disputas políticas com as quais os extensionistas devem conviver.
Considerando que o não cumprimento de metas e objetivos pode levar a frustração dos extensionistas, é fundamental dimensionarmos que a ação de extensão não gera resultados imediatos, tampouco revolucionários, mas sim processos de médio e longo prazo. E ainda, que possíveis frustrações devem servir sempre para repensarmos as ações realizadas.
Os tempos e os objetivos acadêmicos são diferentes dos da sociedade.
Existem diferentes modelos de universidade e, dentro delas, observa-se e é bem vinda a pluralidade de ideias e posicionamentos, os quais devem ser respeitados sempre.
Ao elaborar diagnósticos unilateralmente, a universidade promove ações equivocadas, provocando o fracasso do projeto de extensão.
Deve-se trabalhar nos projetos de extensão com a sociedade organizada, e, caso solicitado, fomentar a organização quando esta não existir ou estiver inadequada.
A formação do estudante deve contemplar desde o começo a participação em ações de extensão.
Sendo a extensão uma necessidade formativa, esta, portanto, deve ser parte do currículo.
GRUPO 3
Mediadores
EIXO TEMÁTICO – Protagonismo dos sujeitos – construindo processos curriculares indissociáveis: participação de estudantes na organização do ensino e na mobilização acadêmica. A extensão nos Núcleos Docentes Estruturantes (NDE) e nos colegiados acadêmicos. Práticas extensionistas de autoria estudantil e/ou comunitária.
Participaram das discussões cerca de 25 pessoas. Os mediadores deram boas vindas aos participantes do grupo de debate e propuseram a apresentações dos mesmos, os quais mencionaram suas experiências na Extensão Universitária.
Após, foi apresentado o Vídeo “Boa Esperança” do rapper Emicida a fim de realizar uma contextualização inicial sobre o eixo temático referente ao protagonismo dos sujeitos (que protagonismo é esse? Que sujeitos são esses?). Com direção do fotógrafo João Wainer e de Kátia Lund, o roteiro nasceu de um processo coletivo entre Emicida, os diretores e empregadas domésticas que moram na Ocupação Mauá, no centro de São Paulo. A trama gira em torno de um grupo de empregados domésticos de uma mansão que, depois de sofrer todo tipo de humilhação, se rebela contra os patrões e incita uma revolução em todo o país. O vídeo reproduz uma espécie de “nova Casa Grande e Senzala”, livro do sociólogo Gilberto Freyre que trata sobre a formação da sociedade brasileira: os brancos (e ricos) são servidos por mãos negras e pobres que só têm acesso aos restos e ao desprezo. Por Redação RBA publicado 02/07/2015 14:35 Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/entretenimento/2015/07/boa-esperanca-de-emicida-escancara-luta-de-classes-e-discriminacao-3626.html
Tanto a apreciação do Vídeo “Boa Esperança” como a continuidade das atividades geraram um rico debate, no qual todos os atores/participantes do grupo contribuíram com suas opiniões acerca dos temas em questão.
A sistematização foi organizada, analisando-se as opiniões/falas dos participantes através da criação de “tipologias”, ou seja, agrupando-se os conteúdos das falas (discursos) dos participantes em temas/assunto por suas semelhanças e relações. Deste processo resultaram as seguintes tipologias:
1) Sobre as concepções de protagonismo e protagonista
Do Theatrum mundi: protos, o primeiro; agonista, lutador/competidor. Metáfora, qual ideia de “teatro”. Quem é a quarta parede? 1911: “Shutter” (autor) ideia de protagonismo em relação à economia e produção. Capitalismo cognitivo – o que significa os atores protagonistas? Em que campo de batalha está sendo hegemônico? Transpassado por vários. Talvez o grande espaço da batalha esteja no lugar da disputa das subjetividades. O capital é um “mega” projeto da geração de individualidades. Qual é a fronteira conceitual das novas classes sociais. O que é trabalhar hoje? Outras roupagens. O que é uma concepção de classe.
A palavra sujeito está comprometida! Atores sociais.
Sobre a opção por grupos sociais. Definimos porque pensamos que o hegemônico é o outro.
2) Sobre as concepções e críticas da extensão universitária
Quais os limites da extensão? Risco verdadeiro: Ação “Assistencialista”. Exemplo: coleta de alimentos para pessoas que sofreram calamidades. “Cada um faz a sua parte melhora o mundo” – Assertiva falsa: Sem pensar no “que mundo é esse?” O quanto estamos reforçando a visão da extensão “tradicional”. Qual o papel da extensão frente às desigualdades? Sobre o processo de intervenção: Que intervenção é essa que a Universidade faz?
Nicho da universidade: Alimentando o debate extensionista nos fóruns. Repetem-se, as limitações, o pensar a universidade só da lógica da universidade. Dificuldade de diálogo com os setores populares. Paulo Freire: “Armas da crítica”. Sobre o que disse Rodrigo Ávila: “(…) as universidades são posteriores as práticas sócio culturais da população (…)”. Universidade (UPF) construiu uma “nova” Extensão: Surge também sobre um “novo olhar”, de problematizar. Qual a concepção “Protagônica” da extensão?
Cuidado: Assistencialismo, Marketing Social, Propaganda. Definir /distinguir o que é a função da Extensão, as concepções políticas. Considerar as disputas internas.
Problemas de financiamento da extensão desde os anos 90 na Argentina. Diferentes modelos de Extensão. Vários projetos: Desde construção de escadas até a questão da alimentação.
3) Sobre os vínculos da universidade com os protagonistas
Passa algo no sistema capitalista: Não inclusão/ Inclusão. Como chegam os protagonistas na Universidade? Economia social/ popular ou solidária. Preocupa a limitação de atuação da extensão somente em Atores sociais
Convivem todos esses estilos de teatros. Desde a Monsanto a Economia Solidária. Parece que Estamos do lado dos “Oprimidos”. Do lado mais incomodo. Alianças com as organizações sociais. Organizações dos “motores” de transformação social. Que tipo de modelo social queremos? Temos que fazer um “sacrifício” muito maior nos extensionsitas. Criar um “conselho Social”, em paralelo de lideres social de diferentes instituições, com representações de setores culturais. Que seja consultivo: de políticas, de demandas que sejam incorporadas a formação dos futuros profissionais
Sobre a visão, o olhar hegemônico: O olhar de quem sobrevive. Da minoria, dos com menos recursos. Tomar posicionamentos ideológicos políticos. Priorizar os setores sociais, mas não negar os outros setores. A palavra convivência .
4) Sobre os problemas da extensão universitária
Não sistematização. Não escrevemos. Sugestão começar a criar “Ponencias” e Publicações.
Uma forma de colocar o embate dos problemas da extensão: pensar sobre os diferentes modos de compreender a Extensão Universitária; as questões metodológicas; pedagógicas e, claro, as questões de Poder.
A grande parte dos programas e projetos com a questão da desigualdade social, não se preocupa com a autonomia dos sujeitos. Na crise os mais pobres e menos qualificados são os primeiros atingidos. A classe rica ou média preconceituosamente diz “economia de pobre”. O que nossos projetos deixam a desejar? Levam em consideração mais o imediato e deveriam prever mais o curto e longo prazo.
Mínimo de posicionamento crítico! Espera-se na formação dos profissionais. O que não lhe afeta hoje, não importa.
Pensamos desde o que nos convém. Se não sairmos desse lugar, continuaremos sendo o foco onde temos que decidir por outros que conhecemos pouco. O tema da investigação ficou pendente na Argentina. Mais uns dispositivos de poder: cargo, perverso.
Os desafios de pensar o todo. Os três eixos: Ensino, pesquisa e Extensão. Para que, como, etc… A questão da institucionalização das categorias para professores. Os níveis de pesquisadores e outros.
5) Sobre a curricularização da extensão universitária
A questão do “currículo” e a Extensão? Fazer o mesmo que com a da Pesquisa?
Romper o currículo! Questionar a curricularização? Problematizar.
Não Curricularizar a extensão e, sim Extensionalizar o currículo.
GRUPO 4
Mediadores
EIXO TEMÁTICO – Contribuições de experiências metodológicas para repensar o currículo: iniciativas de curricularização da extensão. Experiências e vivências que indicam a contribuição da extensão para a reestruturação curricular de cursos de graduação e/ou pós-graduação. Metodologias de ensino inspiradas em práticas extensionistas.
O grupo contou com cerca de trinta e três participantes, havendo dezessete instituições de nível superior representadas. A dinâmica de trabalho consistiu em discussão e aprofundamento sobre os eixos metodológicos para a curricularização da extensão, especialmente a partir das experiências metodológicas das IES e das questões norteadoras inicialmente mencionadas.
Durante as discussões foram apresentados relatos de diversas iniciativas voltadas à curricularização da extensão e inquietações a respeito das mesmas, as quais enriqueceram o debate e apontaram para os seguintes eixos metodológicos para repensar a curricularização da extensão:
O currículo (PPI, PPC) como expressão da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão: construir propostas como práticas de aprendizagem articulando ensino, pesquisa e extensão.
Há necessidade de problematizar o instituído para que se criem novas possibilidades.
Sistematização de processos avaliativos da extensão através de critérios e instrumentos.
Parcerias efetivas entre a universidade e outros campos da comunidade: oportunidade real de contato com lideranças e pessoas que possam articular a relação com a comunidade.
Criar uma gestão institucional que garanta as articulações para que aconteça a curricularização: diálogo com os distintos segmentos da sociedade, articular campos de extensão, oferecer assessoria permanente aos docentes, dentre outros.
Estabelecer aliança entre os sujeitos que praticam pesquisa e extensão como atividades de ponta, mas que podem se redimensionar na perspectiva da indissociabilidade.
Estabelecer organicidade e condições para que a extensão curricularizada realmente aconteça.
As experiências precisam se refletir em produção acadêmica feita com a comunidade, dado o caráter comunitário das instituições de ensino superior.
Os conselhos comunitários são espaços consultivos importantes para a definição de prioridades.
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